Os meus filhos perguntaram-me pela magia de uma noite muitas vezes falada, a do mercado. Evitei respostas. Levei-os a cantar ao Menino. Em boa hora, apesar da chuva. Fez-me bem sentir o entusiasmo que a Festa dos valores cantados lhes despertou. Foram 23 melodias a embalar uma estreia que deixou marcas. A principal, a da satisfação.
No regresso a casa, talvez o mais sereno dos últimos anos, dei de caras com dois conhecidos de infância. Estavam perdidos. Não pela emoção que a Festa desperta. Pela droga. O mais atabalhoado deixava cair a seringa do bolso do casaco. O outro fingia que alucinação era da noite.
O paradoxo da noite de 23 trouxe-me à memória a cantiga em que cada um leva ao Menino o que tem de melhor, pedindo-lhe desculpa pela insignificância.
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