sábado, 6 de março de 2010

Sinais dos Tempos

As entrevistas de Miguel Albuquerque deste final de semana são sem dúvida um sinal dos tempos.
Acho bem que assim seja. Fico feliz, eu que sou do tempo em que os animais falavam, acho benéfico que alguém assuma com coragem os seus projectos e os seus pontos de vista mesmo quando contradizem o tom oficial. E, nem sequer se trata de ser políticamente consonante é puro exercicio de cidadania. O meu aplauso Miguel Albuquerque.

3 comentários:

Anónimo disse...

Por mais entrevistas que dê, Miguel Albuquerque não consegue afirmar-se. Nunca o culto de uma imagem difusa do oficialismo reinante servirá para compensar um manifesto vazio de ideias.

Anónimo disse...

Não concordo. Cada coisa a seu tempo. Neste momento e naquele lugar, Miguel Albuquerque está a agir correctamente e a dar um sinal importante. No mínimo sabe-se que não há só um importante.

George Orwell disse...

“Mas quanto mais os animais lá fora olhavam, mais lhes parecia que alguma coisa de estranho se estava a passar. O que seria que se tinha alterado na cara dos porcos?....mas o que seria que se estava desvanecendo e alterando?

...Não havia dúvidas agora sobre o que estava acontecendo às caras dos porcos. Os que se encontravam lá fora, olhavam do porco para o homem, do homem para o porco e novamente do porco para o homem, mas era já impossível distinguir uns dos outros."

Animal Farm George Orwell

Não sei porquê, é este texto que me vem à cabeça quando relembro-me de Alberto João Jardim com Sócrates no pós-temporal.

É cada vez mais claro que este temporal caiu que nem ginjas aos dois. Vejamos:

Alberto João Jardim quer ficar. Disse que sairia, mas basta-lhe uma justificação simples para se manter: um qualquer conflito com o Governo Central.
Havia esse conflito, mas não havia dinheiro. Jardim estava entre a espada e a parede.

Sócrates quer que Jardim saia. Pois sabe que só assim o PS terá uma janela de oportunidade. Mas Jardim só sai se estiver a bem com o Governo Central e se tiver dinheiro para continuar a desenvolver a sua política (de betão) até à saída.

Veio o temporal.
Veio o enterro do machado de guerra. Entenderam-se, os porcos e os homens. Acabou a discussão. Sócrates vai poder dar o dinheiro. Tem a justificação para isso. Jardim vai sair a troco desse dinheiro. Mas “pianinho”. A partir de agora, não vai haver mais conflitos. Teixeira dos Santos vai ter que engolir alguns sapos, mas vai ficar com a Madeira na mão. Por conta do dinheiro que vai dar. E de outro que vai autorizar (endividamento). Por conta dele, a Mota Engil junta-se ao AFA e não se vai distinguir uns dos outros…

A Madeira vai olhar para uns e para os outros e não vai ver diferença. Agora juntos, vão contribuir para que a Madeira se endivide mais. Com a argumentação da reconstrução. Mas, agora, perdendo toda a autonomia que nos resta. Vamos fazer o que Teixeira dos Santos autorizar e o que a Mota Engil (aliada à AFA) quiser fazer.

O betão ganhou o seu balão de oxigénio e quando chegar ao fim, alguém que feche a luz.

Quanto à economia, alguns vão ganhar (a Mota Engil e a AFA) e os outros vão perder. Pagamentos? Não há dinheiro. Estamos a reconstruir. Dirão.